Folha de Londrina Digital

Ofogosemfim

Domingos Pellegrini escreve na edição de fim de semana - d.pellegrini@sercomtel.com.br

Existe um fogo que nunca se apaga e entretanto nada precisa queimar. Passa de um a outro pelo olhar e vem de dentro e se mostra nas mãos. ...

Mãos que se encontram e se cuidam. Mãos com ferramentas ou canetas. Mãos que ajudam, mãos que dão, mãos que se negam a apontar culpas, mãos que acariciam crianças e velhos, mãos que costuram entendimentos, mãos que cozinham com gosto, mãos que sovam bem sovado o pão, mãos que lavam louça alegremente, mãos que massageiam sentimentos, mãos que plantam flores para todos, descascam frutos para os outros, fazem com amor silenciosamente tudo que é preciso que se faça e nunca se rendem ao desconsolo, mãos que quando se cruzam no colo é por canseira, não desesperança.

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É um fogo feito também de palavras. Palavras boas faladas com amor. Palavras que ensinam e consolam. Palavras que compreendem e perdoam depois de perguntar e de ouvir bem. Palavras faladas olhando nos olhos. Palavras escritas com o coração e que quase se pode pegar na mão. Palavras que movem gente para frente, palavras que procuram aclarar caminho, palavras que encurtam a distância entre pessoas e cidades e povos e continentes. ...

É um fogo que também acende as artes, e canta, dança, toca, pinta e borda, e joga todos os jogos e esportes, sempre ganhando todos campeonatos, sempre torcendo pra que não se apague esse fogo pai de todos os fogos.

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É um fogo que apenasmente apaga quando alguém desiste ou vai embora mas os que ficam continuam logo a manter sempre aceso esse fogo. As suas cinzas chamam-se História, a sua lenha chamamos de tempo, a sua luz nós chamamos de alma e só é vista lá dentro dos olhos.

Folha 2

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2021-10-16T07:00:00.0000000Z

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