Folha de Londrina Digital

Programa de educação socioemocional acolhe os alunos

Programa V.I.D.A: Inclusão, Desenvolvimento Humano e Afetividade tem um olhar especial sobre a pandemia e auxilia alunos, pais e professores com a participação de bonecos

Walkiria Vieira

O Programa V.I.D.A. – voltado aos Valores; Inclusão, Desenvolvimento Humano e Afetividade – foi retomado nesta semana, com vídeoaulas voltadas para alunos das escolas municipais, Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs) e Centros de Educação Infantil (CEIs) filantrópicos. O primeiro vídeo, com o tema “Celebração de Volta às Aulas”, já contabiliza 12 mil visualizações. Nele foi feita uma apresentação da equipe e uma explicação sobre como o programa se dará durante o ano.

O Programa V.I.D.A. tem sua fundamentação em duas leis municipais, uma que dispõe sobre o Amor Exigente nas unidades escolares e outra que cria o Programa Municipal de Práticas Restaurativas nas unidades escolares, além de estar alinhado a quatro direitos de aprendizagem dispostos na BNCC - Base Nacional Comum Curricular.

De acordo com a responsável pelos projetos e eventos da Secretaria de Educação, o programa é desenvolvido em Londrina desde 2018, quando foram realizados círculos de diálogo com crianças da educação infantil até o 5º ano, alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA), professores e funcionários da educação durante a maratona da Justiça Restaurativa. Com a pandemia surgiu também a necessidade de estruturar um documento que orientasse o trabalho das escolas no que tange a educação socioemocional. Este caderno orienta a realização do círculo de diálogo em sala de aula. Contempla sugestão para o trabalho sistematizado de acolhimento aos alunos e professores, onde todos têm a garantia do seu momento de fala e escuta em um ambiente seguro.

Ilustrações dos bonecos - da artista plástica e professora da Rede Municipal de Educação, Renata Suzue - , foram utilizadas para personalizar os cadernos que chegaram aos professores através da formação no curso Programa V.I.D.A.: Espaço de Escuta e Expressão de Sentimentos/Emoções. Foi então que passaram a fazer parte da equipe, os bonecos Vidinha, Kiko e Serena. Como os bonecos são “alunos” da Rede Municipal de Educação, as crianças criaram uma identidade com eles, pois cada um dos bonecos tem a sua história e sua personalidade que foram sendo construídas junto com as videoaulas. Os bonecos participam das aulas do Programa V.I.D.A. e também de outras aulas, como Inglês, Palavras Andantes, Arte, além de contribuírem participando de aulas virtuais com alunos de algumas unidades escolares e formação de professores.

INICIATIVA PARA TRABALHAR SENTIMENTOS

A secretária municipal de Educação, Maria Tereza Paschoal de Moraes, explica que a iniciativa foi implantada para trabalhar, com os alunos, seus sentimentos, além de valores como respeito ao próximo. Dentre as ações do programa estão: Círculos de Diálogos (relacionamentos, estreitamento de vínculos) para professores, servidores da SME e comunidade; Círculos de Diálogos para resolução de conflitos em qualquer situação presente nas unidades escolares; Formação de Professores para trabalhar com práticas restaurativas; Círculos de Diálogos e Vídeosaulas para os alunos, com objetivo de acolher, conhecer e como fazer com as emoções presentes no dia a dia.

A professora Renata Suzue é a ilustradora dos livros que contêm informações para os professores trabalharem com o círculo de diálogo e os bonecos foram transformados em ilustração. Ela conta que se sentiu honrada com o convite por considerar que é um projeto muito especial que tem dedicado um olhar diferenciado e atenção às emoções diversas como angústias, medos e toda carga emocional oriunda da pandemia e confinamento que afetaram e tem afetado diretamente nossas crianças de todas as idades.

De seu ponto de vista o livro cumpre o papel de valorizar o projeto. “Vivemos num mundo digital com benefícios. Porém quando em desequilíbrio e utilizado em excesso isso pode causar danos. O clássico vindo do papel traz um descanso visual, oferece uma tecnologia palpável para momentos de estudo e interações sem a necessidade da luz led.

Suzue considera tudo que compartilhamos com as crianças e envolve literatura e arte amplia olhares e repertório. A criança que presencia possibilidades de expressar emoções, releituras, criatividade, registros de experiências, sonhos, formas concretas ou abstratas, com cores ou a ausência dela. Tudo isso influencia positivamente. O desenho deve ilustrar ação, expressão e sensação. “Um tripé que a criança pode e deve experimentar”, aposta.

“Segundo relatos e registros de minha mãe, desenho desde 1 ano e 7 meses de vida”, explica Suzue. Filha de pai desenhista sempre foi incentivada a ilustrar profissionalmente. “Ajudei desde meus 6 anos de idade na elaboração de materiais didáticos para minha mãe professora. Em 2008 quando cursava Pedagogia na UEL surgiu um convite para um trabalho especial de um projeto de Mestrado em parceria com a Secretaria do Estado. Foram diversas ilustrações para livros didáticos de Inglês. De lá para cá sempre que aparecem convites, avalio a temática e sigo com meus rabiscos na busca de um diálogo com o texto referido. Atualmente estou em dois projetos de autoras de literatura infantil e estudos sobre infância na área pedagógica, temas que mais aprecio”, revela.

PAIS E PROFESSORES UNIDOS

A professora dos anos iniciais do Ensino Fundamental, Tais Mantovani, explica que a prática com os bonecos faz com que se sintam representados. “Percebem que todos somos iguais e se surpreendem até com os nossos depoimentos”, expõe. O tema empatia e

o retorno das aulas presenciais foi tratado recentemente com os alunos e Mantovani explica que a participação foi positiva. “Todos foram unânimes em expor que estavam entediados e estão mais felizes na escola mesmo com o distanciamento, mesmo sem poder brincar no pátio e mesmo fazendo o lanche na sala de aula. Dizem que na escola aprendem mais e que pelo menos podem conversar com os colegas”.

Eduarda, de 7 anos, é aluna do 1º ano do Ensino Fundamental da Escola Municipal Joaquim Pereira Mendes. Sua mãe, a professora de natação Mere Elen de Moraes Lima conhece e aprova o V.I.D.A desde o início do 1º semestre e faz todo o aproveitamento das aulas ofertadas. De acordo com a mãe da criança, essa é a primeira experiência da família em uma escola pública. “Estamos extremamente surpresos com as iniciativas do município, pois não se trata apenas de cumprir uma grade curricular. Meu marido Guilherme é professor e pode acompanhar mais as atividades com a Eduarda e está encantado.”

Mere e Guilherme também são pais de Elen, de 15 anos, e Carolina, de 12- os responsáveis se sentem satisfeitos. “Somos apoiados em todas as áreas do desenvolvimento do aluno - até na emocional”.

Folha

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2021-08-24T07:00:00.0000000Z

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